quarta-feira, 18 de abril de 2012

Proposta 2- Memória Descritiva






Este trabalho consiste numa composição tipográfica que se baseia numa notícia recolhida doDiário de Notícias, "Árvore de Anne Frank sobrevive à serra eléctrica".
Esta composição pretende traduzir a notícia de uma forma simples e simbólica, retendo numa frase o elemento principal, o tempo. A árvore foi o refugio de Anne Frank enquanto estava refugiada em casa; "(...) a árvore que a jovem holandesa judia mirava, quando escondida, durante 25 meses, num sótão, com a família, para fugir à insanidade nazi(...)". "(...)enquanto isto durar, não poderei ser infeliz.", como fuga à insanidade nazi este castanheiro tornou-se quase o motivo da sua existência, assim pode-se considerar que após a sua morte o castanheiro adquire simbólicamente o espírito de Anne Frank.
"(...) a cor é um fenómeno elementar da natureza para sentido da visão, que, como todos os demais, se manifesta ao se dividir e opor, se misturar e fundir, se intensificar e neutralizar, ser compartilhado e repartido, podendo ser mais bem intuído e concebido nessas fórmulas gerais da natureza." (Doutrina das Cores. Esbo ̧co de uma Doutrina das Cores - Introdução - Goethe (tradução de Marco Giannotti))
Assim, cada cor provoca uma sensação/reacção em quem a observa. Surge então um fundo vermelho que apresenta uma dualidade simbólica por corresponder a parte da bandeira Nazi,  e por representar o poder opressivo e a agressividade vividos na época, assim como a raiva que Anne Frank sentia.
A frase principal da composição "Enquanto isto durar..." surge com letras do tipo Arial, sem serifa, bastante rectilineas e a preto com o intuito de realçar a carga sentimental e a força presente nestas palavras.
A árvore é constituida por várias palavras, sendo elas: árvore ( do tipo Calibri com um desenho muito mais sóbrio e rectilíneo, funciona como elemento estruturante) , dignidade, viver, salvo, história e feliz. Estas surgem destacadas da palavra "Árvore"  com um tipo de letra diferente, mais arredondado, trabalhado e sem serifas, do Snap ITC. 
Deste modo, conseguimos associar a árvore ao bem, que contrasta com o solo, representado por uma composição de cruzes suásticas, desenhadas a partir de quatro "L", que representando o lado opressivo e a insanidade Nazi.
Concluindo, para transmitir um certo sentimento (raiva, agressividade, neste caso) é preciso estudar uma letra e conhecer a sua história, pois cada tipo tem uma "sonoridade, timbre e personalidade, assim como as palavras e as frases" (Roger Bringhurst). 

Proposta 2- Composição Tipográfica

Figura 1- Ensaio a Preto e Branco

Figura 2- Ensaio a Cores


NOTÍCIA INSPIRADORA


«Árvore de Anne Frank escapa à serra eléctrica


Por Cadi Fernandes, 24 Janeiro 2008


As árvores morrem de pé. Com dignidade. Mesmo que tenham entre 150 e 170 anos, 27 toneladas e um fungo letal que lhe corrói os "ossos". É o caso do castanheiro de Anne Frank, bem no centro de Amesterdão - a árvore que a jovem holandesa judia mirava, quando escondida, durante 25 meses, num sótão, com a família, para fugir à insanidade nazi (1939-45).
Podem aqueles troncos ser história? História? Podem. E assim o entendeu um grupo de empenhados cidadãos holandeses, que, depois de a hipótese ser aventada em 2007, mobilizou esforços nacionais e internacionais para impedir a morte da árvore, com recurso à serra eléctrica.
Espécie de meu - dela - pé de laranja lima, ao qual tudo se desabafa, mas numa versão real e trágica (Anne acabaria por morrer no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha), o castanheiro foi salvo in extremis. Ao contrário da sua menina, cujos dias alegrava, e que acabaria por morrer vítima de tifo.
Mantê-la viva durante, pelo menos, mais cinco, dez, 15 anos, no máximo, vai custar caro, mas não têm preço estas palavras: «Quase todas as manhãs vou ao sótão tirar a poeira dos meus pulmões. Do meu lugar favorito no chão, olho para o céu azul e o castanheiro desfolhado, em cujos galhos brilham pequenas gotas de chuva, como prata, vejo ainda gaivotas e outros pássaros que deslizam no vento. Enquanto isto existir, e quero viver para ver, estes raios de sol o céu azul - enquanto isto durar, não poderei ser infeliz.»
Custar caro significa o quê? Isto, a sair dos bolsos da Fundação de Apoio à Árvore de Anne Frank: 50 mil euros para uma estrutura metal que manterá a árvore de pé; 20 mil euros para os cuidados necessários e outros dez mil anuais para a manutenção. Entretanto, várias amostras do castanheiro foram já retiradas, por forma a deixá-las crescer numa espécie de berçário, para o caso de ser imperiosa a substituição. Concomitantemente, vão ser testados alguns medicamentos susceptíveis de matar o agente causador da infecção, que a deixou parcialmente podre.»

terça-feira, 17 de abril de 2012

Proposta 2- Ensaio Teórico ( Catarina, Joana, João)







“No início era o pictograma. Poderia iniciar-se desta forma uma História da Comunicação Não Verbal. Desde que o Homem descobre a possibilidade de estabelecer registos que o transcendam no tempo, (...) sobre os mais diversos suportes, com as mais diversas formas e instrumentos, evoluindo no conteúdo, abstractizando-se. Distanciando-se cada vez mais da forma primordial. Mas há um e outro refluxo. E se o pictograma é reapropriado uma e outra vez pelas artes plásticas, o fonograma, descendente distante, adquire uma dimensão estética impensada pelos seus inventores. A letra deixa de ser unidimensional, de poder expressar apenas um som, de estar submetida a um conjunto rígido de regras. Pode tornar-se veículo de significados múltiplos, universalmente reconhecidos, ou código secreto, cuja chave é exclusiva do seu autor. É neste intervalo, limitado a um tempo de algumas décadas, que se fará este levantamento sobre a evolução formal dos signos tipográficos.”, por Jorge Bacelar, em “A Letra: Comunicação e Expressão”
Como Jorge Bacelar refere na citação acima, a letra é muito mais do que um simples som, ela através do seu grafismo pode expressar vários significados remetendo o espectador para certas experiências.
Deste modo, optámos por uma imagem que, através da letra utilizada, nos fizesse vivenciar algo, caso da fachada de um bazar esotérico.
Surge-nos, então, em primeiro plano, o nome “Mundo Místico” cujo tipo de letra é bastante serifado e com terminações angulares. As serifas prolongam as letras alongando-as, e no caso dos “M” e do “d”, desformam-se chegando a enrolar (como se verifica nos “M” no início de cada palavra). Todas as letras apresentam contraste entre formas angulosas e formas redondas criando movimento, intensidade e mistério. Estas letras apresentam um grafismo estreito e alongado, com um recorte marcado. O seu desenho com serifas longas remete para um traçado manual (com pena). Traduz antiguidade, um traçado profundamente estudado, destinado a leituras extensas e pesadas.
Este desenho é praticamente o script Lucida Blackletter, muito perto da letra "Gótica". Como o estilo Gótico é impregnado de simbolismo e surge como materialização do divino, a associação deste script a um bazar esotérico é óbvia. Aliando, o tipo de letra ao texto em si, obtemos algo que é universalmente reconhecido como “Místico”. Assim, o espectador é claramente informado do conteúdo deste espaço.
Em segundo plano, surge “Bazar Esotérico”, com a mesma cor, e com um tamanho e tipo de letra diferentes. O tamanho reflete a importância da informação para o espectador. “Bazar Esotérico”, em letras mais pequenas e mais simples, desenhadas de um modo linear, permite uma fácil leitura, o que traduz uma componente informativa.
Concluindo, qualquer tipo de composição tipográfica deve adequar o tipo ao contexto em que é inserida, não desvalorizando os objectivos, a funcionalidade e o público a que se destina.




Proposta 2- Recolha fotogáfica (Catarina, João Archer, Joana)