terça-feira, 17 de abril de 2012

Proposta 2- Ensaio Teórico ( Catarina, Joana, João)







“No início era o pictograma. Poderia iniciar-se desta forma uma História da Comunicação Não Verbal. Desde que o Homem descobre a possibilidade de estabelecer registos que o transcendam no tempo, (...) sobre os mais diversos suportes, com as mais diversas formas e instrumentos, evoluindo no conteúdo, abstractizando-se. Distanciando-se cada vez mais da forma primordial. Mas há um e outro refluxo. E se o pictograma é reapropriado uma e outra vez pelas artes plásticas, o fonograma, descendente distante, adquire uma dimensão estética impensada pelos seus inventores. A letra deixa de ser unidimensional, de poder expressar apenas um som, de estar submetida a um conjunto rígido de regras. Pode tornar-se veículo de significados múltiplos, universalmente reconhecidos, ou código secreto, cuja chave é exclusiva do seu autor. É neste intervalo, limitado a um tempo de algumas décadas, que se fará este levantamento sobre a evolução formal dos signos tipográficos.”, por Jorge Bacelar, em “A Letra: Comunicação e Expressão”
Como Jorge Bacelar refere na citação acima, a letra é muito mais do que um simples som, ela através do seu grafismo pode expressar vários significados remetendo o espectador para certas experiências.
Deste modo, optámos por uma imagem que, através da letra utilizada, nos fizesse vivenciar algo, caso da fachada de um bazar esotérico.
Surge-nos, então, em primeiro plano, o nome “Mundo Místico” cujo tipo de letra é bastante serifado e com terminações angulares. As serifas prolongam as letras alongando-as, e no caso dos “M” e do “d”, desformam-se chegando a enrolar (como se verifica nos “M” no início de cada palavra). Todas as letras apresentam contraste entre formas angulosas e formas redondas criando movimento, intensidade e mistério. Estas letras apresentam um grafismo estreito e alongado, com um recorte marcado. O seu desenho com serifas longas remete para um traçado manual (com pena). Traduz antiguidade, um traçado profundamente estudado, destinado a leituras extensas e pesadas.
Este desenho é praticamente o script Lucida Blackletter, muito perto da letra "Gótica". Como o estilo Gótico é impregnado de simbolismo e surge como materialização do divino, a associação deste script a um bazar esotérico é óbvia. Aliando, o tipo de letra ao texto em si, obtemos algo que é universalmente reconhecido como “Místico”. Assim, o espectador é claramente informado do conteúdo deste espaço.
Em segundo plano, surge “Bazar Esotérico”, com a mesma cor, e com um tamanho e tipo de letra diferentes. O tamanho reflete a importância da informação para o espectador. “Bazar Esotérico”, em letras mais pequenas e mais simples, desenhadas de um modo linear, permite uma fácil leitura, o que traduz uma componente informativa.
Concluindo, qualquer tipo de composição tipográfica deve adequar o tipo ao contexto em que é inserida, não desvalorizando os objectivos, a funcionalidade e o público a que se destina.




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